
A trágica e precoce morte da cantora Marília Mendonça na semana passada parece ter gerado em muitas pessoas não somente a perplexidade diante da situação ocorrida e sentimentos de luto de quem era fã, mas a ativação de traumas antigos. Chamou minha atenção o fato de alguns pacientes no consultório nessa semana comentarem sobre a morte da artista com muita intensidade (mesmo para quem não a conhecia tão bem). Ao trabalharmos psicoterapicamente ao que esse reação forte estava ligada, percebi que muitos traumas que estavam “de baixo do tapete” foram ativados- ou reativados. As pessoas associaram o ocorrido desde ao medo da própria morte e de alguém querido morra de maneira repentina até a sentimentos de injustiça, de impotência ou ainda de não ter podido “despedir-se” de alguém que foi embora em sua vida.
Como refere Ruppert e Banzhat, o trauma psicológico tem relação com consequencias psicológicas advindas de um evento agudo ou crônico opressivo que a pessoa viveu.
Quando temos traumas ou, como chama Martin Teicher, “feridas que não cicatrizam”, o que acontece fora de nós pode facilmente tirar aquela casca da ferida do passado e sofremos mais intensamente do que gostaríamos por alguém que nem conhecemos. Além da compaixão e do luto – reações comuns diante de uma tragédia, o sofrimento intenso muitas vezes está relacionado a traumas, situações abertas que não foram elaboradas adequadamente. Viver com feridas abertas faz com que qualquer um ou qualquer situação possa ser potencialmente devastadora para nós.
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