Como os adultos podem ajudar suas crianças a sentirem-se melhores?
Uma das maiores demandas dos pais, professores e educadores em geral em relação às crianças e adolescentes é quanto ao comportamento deles. É comum que peçam orientações aos profissionais sobre como fazer com que esses seres em desenvolvimento “comportem-se melhor”. As autoras Adele Faber e Elaine Mazlish, no clássico livro Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar deixam claro que, quando as crianças se sentem bem, elas tendem a se comportar bem. Assim, é função do adulto ajudar com que essas pessoas sintam-se bem para poderem agir adequadamente. Abaixo descreverei e darei exemplos de três atitudes que pais e educadores podem ter a fim de melhorar o comportamento das crianças.
O primeiro ponto é aceitar os sentimentos da criança. Os pais costumam a todo momento mostrar que não aceitam os sentimentos dos filhos. “Você não pode estar tão cansado, já que recém acordou”, “Você não deve ficar triste só porque brigou com seu colega, isso é um problema pequeno” ou “Você tem que gostar do seu irmãozinho”. Essas são formas de mostrar que o que a criança está sentindo não é importante, o que gera adultos que não confiam nos próprios sentimentos. Mostrar empatia pelo que a criança está sentindo não é concordar com isso, mas validar o que está se passando com ela. Para fazer isso, algumas dicas referidas pelas autoras são:
a)Em vez de ouvir parcialmente, ouça seu filho com atenção,
b) Ao invés de fazer perguntas e dar conselhos, reconheça seu sentimentos com palavras “Ah, sei”
c) Em vez de negar os seus sentimentos, dê nome aos sentimentos dos filhos.
Ao invés das frases acima, os pais podem falar para os filhos; “Entendo que você fica irritado quando seu irmãozinho chora muito”, “ Deve ter sido difícil para você quando seu colega não quis brincar”. Esses tipos de afirmação dá às crianças um verdadeiro alívio e as liberam para começar a lidar com seus problemas, ao invés de negá-los. Todos os sentimentos das crianças devem ser aceitos, contudo certas ações devem ser limitadas. “Estou vendo que você está com muita raiva do seu irmão. Diga a ele o que você quer com palavras, não com os punhos.”
O segundo ponto para ajudar uma criança a sentir-se bem é incentivar a cooperação. Quando uma criança não se comporta da forma como esperamos, a tendência do adulto é utilizar falas de reprovação, acusações ou ameaças. “Quantas vezes eu tenho que lhe dizer para não colocar a mão nas portas? Você não escuta.”, “Você deve ser um porco para ter um quarto tão sujo”, “Se você mexer na lâmpada de novo, eu te darei um tapa”. Falas como essas geram diversas consequências negativas na criança e certamente, não farão com que ela mude seu comportamento. Para incentivarmos que a criança coopere com algo podemos usar as seguintes estratégias, que certamente serão mais úteis do que as primeiras:
Descreva o que você vê e o problema e deixe a criança tomar a iniciativa. “Filho, a água da banheira está quase transbordando”
Fale com poucas palavras. As crianças ouvem muitas palavras como um sermão e não focam no essencial. Ao invés de falar muita coisa sobre a hora de dormir, falar de forma firme “Crianças, pijama!” pode ser mais efetivo.
Fale sobre seus próprios sentimentos para a criança. “Fico incomodada quando a porta da tela fica aberta. Não quero mosquitos na comida.”
Se a criança ou adolescente tiver reiterados comportamentos negativos, ela deve experienciar as consequências de seu mau comportamento, mas não uma punição. Segundo as autoras citadas, o castigo não deveria ser utilizado por ele não solucionar nada e ser mais uma distração. Além disso, ao castigar uma criança, nós a impedimos de um processo interno muito importante que é enfrentar o próprio mau comportamento e ter a oportunidade de restaurar o dano causado. Ao invés de castigar, você pode:
Mostrar à criança como se corrigir. “Como deixou meu serrote na chuva, use a palha de aço para poli-lo”
Dar uma alternativa à criança. “Você pode pegar emprestadas minhas ferramentas e devolvê-las ou pode abrir mão do privilégio de usá-las. Você decide.”
Se o problema persistir, tome uma atitude. Criança: “Por que a caixa de ferramentas está trancada?” Pai: “Você que responde”
Trabalhe junto com o seu filho a resolução do problema. “O que podemos fazer para que você possa utilizar minhas ferramentas quando você precisar e para que eu tenha certeza de que elas estarão lá, quando eu precisar delas?”
Ajudar as crianças de forma adequada, sem prejudicar sua autoestima e seu valor pessoal, ensinando-as que seus comportamentos terão consequências, mas que também podem buscar restaurar os danos que fizeram, gerará indivíduos com muito mais autonomia, confiança e com compaixão para os outros.
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