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  • Foto do escritorPsicóloga Luciana Salvador

A empatia com você mesmo


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O psicólogo Carl Rogers falava de atitudes importantes que as pessoas deveriam ter umas com as outras. Uma delas é a empatia, aquela capacidade de colocar-se no lugar do outro, compreendendo o ponto de vista dele. Outra condição é a aceitação positiva incondicional, ou seja, aceitar a outra pessoa mesmo com os erros que ela cometa e com todos os defeitos que ela tenha. Isso seria amar os outros sem colocar “condições”, sem o “amarei você se....”

Apesar de se falar muito em desenvolver essas atitudes com as pessoas, quero analisar aqui o fato de usar essas “habilidades” não somente com os outros, mas com você mesmo. Tenho percebido várias pessoas que conseguem desenvolver muito bem a empatia e aceitação positiva incondicional com as outras pessoas, se mostrando compreensiva com todos e entendendo pontos de vista alheio, mesmo que não concorde com eles. Contudo, muitas dessas pessoas não conseguem exercitar isso com elas mesmas. Ou seja, conseguem compreender os erros dos outros, mas se julgam excessivamente pelos seus próprios erros.

Se podemos nos colocar no lugar do outro e ser compreensivo com ele, como dizia Rogers, aceitando o outro incondicionalmente, como podemos fazer isso conosco?

Um dos aspectos que considero importante para desenvolver a empatia com você mesmo é o exercício do perdão. Nem sempre é o suficiente perdoarmos ou sermos perdoados por alguém. Muitas vezes você tem que aprender a perdoar a si mesmo. Conheço muitas pessoas que carregam há anos fardos de coisas que consideram ruins que fizeram por não terem se perdoado disso. O autoperdão é importantíssimo porque libera a pessoa, lhe dá possibilidade de fechar a gestalt de uma situação que ainda está inacabada.

Você pode exercitar o autoperdão em relação a qualquer coisa do seu passado que você ainda se culpa ou se cobra. Uma das técnicas que costumo utilizar para facilitar isso é um diálogo interno. Você pode imaginar ou fazer uma conversa de uma parte de você com outra parte, em que uma delas pede o perdão para a outra, falando como se sente. Depois disso a outra parte fala o que gostaria de falar. Esse diálogo pode continuar por algum tempo, mas é importante que finalize com o perdão de uma das partes. Outra forma de fazer esse diálogo é escrevendo uma carta para você mesmo pedindo perdão pelo que fez -seja lá o que for- e escrevendo depois uma carta com a resposta do perdão. Se você conseguir fazer essa técnica com sinceridade, abertura e entrando em contato com seus sentimentos, terá resultados muito positivos na forma como você se sente em relação àquela questão.

Às vezes, mesmo nestes diálogo,s as pessoas têm dificuldades para pensar coisas positivas sobre elas mesmas quando cometeram um erro, sem conseguir encontrar formas de se perdoarem de forma sincera pelo que fizeram. Se for assim, outra técnica que ajuda é pensar em alguém que você goste muito, alguém por quem você sinta esse amor incondicional. Imagine então que essa pessoa esteja passando pela mesma situação que você, tendo cometido o mesmo erro pelo qual você se culpa. E imagine o que você diria a ela.... Tenho certeza que você seria menos rígido do que é com você mesmo. E imagine então falando o que você diria àquela pessoa para você mesmo.

Essa forma de pensar sobre a questão pode ajudá-lo já que muitas vezes, quando a pessoa muda a perspectiva, olhando-se de fora, consegue se perceber com menos exigência.

Lembre-se que a desculpa serve para eliminarmos a culpa pelas coisas. A culpa não serve para nada já que ninguém muda por culpa. Mas a desculpa ou o perdão mais importante do qual necessitamos e que tem mais força para nós é o que vem de nós mesmos.

Li há algum tempo uma autora que dizia ter escrito em um papel no espelho de seu banheiro para que ela lesse todos os dias os dizeres “Amarei você sempre, todos os dias, mesmo que você faça algo bobo como escorregar e bater a cabeça, mesmo assim continuarei te amando”. Essa frase representa bem o amor incondicional que devemos ter por nós. Gostar de você, mesmo considerando todas as suas “imperfeições” e problemas.

E, quando nós nos amamos verdadeiramente, certamente conseguimos amar aos outros de forma mais profunda e saudável.

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